sábado, 19 de julho de 2008

Dercy

Hoje, 19 de julho, eu tinha saído com uns amigos e, agora à noite, vi na internet a notícia da morte de Dercy Gonçalves, essa figura espetacular - ímpar - da cultura brasileira. Numa nota sem a menor graça que Dercy daria, a assessoria de imprensa do Hospital São Luas divulgou:

Faleceu nesta tarde de sábado, dia 19 de julho, às 16:45, a atriz Dercy Gonçalves, de 101 anos. A paciente estava internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital São Lucas, em Copacabana - Zona Sul do Rio de Janeiro - desde a madrugada de hoje (19). A paciente apresentava uma pneumonia comunitária grave, que evolui para uma sepse pulmonar e insuficiência respiratória.

Meu sábado perdeu qualquer graça. O Brasil perdeu mais um pouco a sua graça. Sem Dercy, nosso sorriso escrachado de brasileiros ficou tímido, formal, desbotado. Ah, Dercy! Que bem você nos fez em todos esses anos - que bem, Dercy, você nos fez. Mas que piada sem graça essa sua, hein? Partir assim, fora do combinado... Mas tinha que ser você - só você partiria mesmo sem combinar, sem ler roteiro. O que eu digo mais, minha querida Dercy? Nada, né?, porque não existe coisa mais sem graça do que escrever sobre sua morte.

Vá com Deus, mulher. Vá com Deus - mas sem palavrões, viu? Será que dessa vez você consegue? Vá lá, nega, vá. O céu lhe espera e lhe quer como a estrela mais hilariante de nossa galáxia. Faça rir todos esses querubins céu afora. Mas de uma coisa eu desconfio, sabe? Desconfio que a partir de hoje o céu não será mais o mesmo. Nem esse Brasil aqui, que precisa tanto de uns cascudos.

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